Mitos sobre Linux

Se você comprou um computador popular que veio com GNU/Linux, ou está pensando em conhecer este novo mundo, é muito provável que você tenha algumas dúvidas. Não é para menos, pois na Internet existem várias informações, muitas delas, desencontradas. Pensando nisso, segue essa pequena lista com alguns dos mais famosos mitos e verdades sobre GNU/Linux.

Atenção: por motivos de comodidade, utilizarei apenas o termo Linux, em detrimento de GNU/Linux, a partir de agora.

Mito: Linux é difícil de usar

FALSO. Na verdade, as pessoas acham que Linux é difícil de usar simplesmente porque estão acostumadas com Windows. Hoje temos várias interfaces gráficas que são tão ou mais fáceis do que a interface do sistema da Microsoft. O KDE oferece uma interface similar ao Windows e o GNOME oferece programas organizados em categorias lógicas. Fale a verdade: o que é mais intuitivo: clicar em Iniciar – Todos os Programas – Nero – Nero Burning ROM ou em Aplicativos – Multimídia – Gravador de discos Brasero ? Faz parte da natureza humana rejeitar tudo que é diferente. Embora muita gente faça cursinho de informática, a maioria das pessoas aprende a usar Windows simplesmente… usando!

Mito: para usar Linux é necessário digitar comandos complicados

FALSO. É fato de que o Linux possui uma poderosa interface de linha de comando e que, como muitos usuários avançados afirmam, às vezes é muito mais fácil e rápido realizar determinadas tarefas na linha de comando do que na interface gráfica. Mas você não precisa usar a linha de comando se não quiser. Hoje, existem várias distribuições voltadas para usuários iniciantes, como Ubuntu e Mandriva as quais permitem que o sistema seja utilizado sem a necessidade de se tocar na linha de comando – mas ela continuará lá, disponível para quando você precisar.

Mito: Linux é igual a MS-DOS

FALSO. Dizer isso, além de um equívoco, é uma tremenda ofensa. A única semelhança entre o Linux e o MS-DOS é que os dois possuem uma interface de linha de comando; A linguagem de script do Linux é muito mais elaborada do que a do MS-DOS, o Linux é multitarefa e o DOS, monotarefa; Além disso, enquanto o DOS só estava disponível para 16-bit, o Linux roda em 32-bit e 64-bit.

Mito: Linux é mais leve do que Windows

VERDADE. No geral, o Linux e suas interfaces gráficas são mais leves do que o Windows. No momento em que escrevo este artigo, meu Ubntu 10.04 está consumindo exatos 244MB de RAM, enquanto que um desktop sem nada do Windows consome no mínimo, em média, 400MB. Por ser mais leve, o Linux é uma excelente distribuição para micros antigos ou com recursos limitados. Distribuições com ambientes gráficos minimalistas, como Fluxbox ou LXDE, podem rodar com folga, inclusive, em micros com 64MB de RAM ou menos!

Mito: Linux roda até em 486

FALSO, mas já foi verdade. Muitas documentações sobre Linux, incluindo o famoso Guia Foca, dizem que o Linux precisa de um modesto 486 para rodar. Na década de 90, isso era verdade, mas hoje, não mais. É tecnicamente impossível rodar ambientes gráficos como KDE e GNOME em micros 486 e, além disso, a maioria das distribuições de hoje é otimizada para a arquitetura i686, ou seja, não funcionam em micros anteriores ao Pentium II.

Mito: Não existem vírus para Linux

MEIA VERDADE. Já foi provado que existem alguns vírus, tanto executáveis quanto em forma de macros do OpenOffice, que afetam o Linux, mas o usuário não precisa se preocupar, pois o sistema possui um rígido sistema de permissões o qual impede que pragas mexam em áreas sensíveis e, além disso, a maior parte dos “vírus para Linux” são apenas provas de conceito que nunca saíram de laboratórios.

Mito: O Linux não é compatível com os hardwares que eu tenho

FALSO e muito pelo contrário: devido à sua natureza aberta, o Linux possui um elevado grau de compatibilidade com uma ampla gama de hardwares. Na verdade, é grande a possibilidade de você simplesmente conectar um dispositivo e já sair usando, como por exemplo minha multifuncional HP F4280, que funciona apenas conectando-a na porta USB. Já no Windows, é necessário instalar vários drivers e conectar o cabo em um determinado momento. O Windows recém instalado não reconhece a maioria dos hardwares: isso apenas ocorre após instalarmos drivers de terceiros. É claro que existem alguns dispositivos que só funcionam no Windows. Neste caso, procure saber se o dispositivo que você deseja comprar funciona em sua distribuição antes de adquirí-lo. Se necessário, consulte a Linux HCL.

Mito: Se eu tiver algum problema com o Linux, ninguém poderá me ajudar

FALSO. Muitas pessoas pensam isso porque a maior parte das pessoas usa Windows, mas existem vários fóruns e comunidades na Internet com usuários dispostos a lhe ajudar.

Mito: Usuários de distribuições para iniciantes são discriminados pela comunidade

MEIA VERDADE. Usuários de distribuições ditas “avançadas”, como Slackware, Gentoo ou Arch tendem a hostilizar os usuários de sistemas como Ubuntu ou Mandriva, mas isso é porque eles possuem uma opinião bastante específica sobre esses sistemas que facilitam a vida do usuário. Se você usa uma distro para iniciantes, procure entrar em fóruns e comunidades de usuários daquela distro e você será muito bem recebido.

Mito: Programas para Windows não rodam no Linux

FALSO. Nativamente, o formato de arquivo executável dos dois sistemas é diferente, mas ainda assim é possível executar alguns programas para Windows no Linux através do Wine ou Crossover. É claro que, dependendo do programa, pode ser necessário realizar algumas configurações adicionais para tê-lo funcionando e a solução recomendada é procurar uma solução nativa. Hoje, praticamente todos os programas populares existentes para Windows possuem ou versões para Linux ou softwares livres equivalentes que rodam nativamente no sistema do pinguim.

Mito: Não existem jogos para Linux

FALSO. Muitos títulos, como Doom, Quake e Unreal Tournament possuem versões nativas para Linux. Recentemente, a Valve portou sua plataforma Steam para Mac OS X e anunciou que também irá liberá-la para Linux em breve, o que trará muitos novos jogos. Mas no caso daqueles jogos que só têm versão para Windows, ainda é possível rodá-los através do Wine, Cedega ou Crossover.

Mito: Usuários de Linux são mais inteligentes do que usuários de Windows

FALSO. O que ocorre é que, geralmente, os usuários de Linux começaram sua vida na Informática usando Windows e migraram para Linux pela curiosidade de conhecer o novo sistema. Isso faz com que eles, em geral, tenham um conhecimento de hardware e software maior do que muitos usuários de Windows que, em sua grande parte, são pessoas que estão usando seu primeiro computador, mas isso não significa que eles sejam mais inteligentes: eles podem não ser bons em algo que você domina; inteligência é algo relativo.

Mito: Usuários de Linux são ateus e comunistas

FALSO. O Linux é um sistema operacional sem nenhuma afiliação religiosa ou política. É claro que muitos dos usuários avançados do sistema já possuem suas próprias convicções nestes campos, mas isto não é uma característica do sistema em si. Se o Linux fosse um sistema de ateus, o Vaticano não o utilizaria; Se fosse um sistema de comunistas, ele não estaria presente em empresas como Oracle, IBM, Casas Bahia, NASDAQ, Lojas Colombo ou Carrefour.

Mito: Se eu tiver Windows pirata na minha empresa, posso me livrar da multa virtualizando-o no Linux

FALSO. Para utilizar o sistema Windows, esteja ele instalado fisicamente no computador ou em uma máquina virtual, é necessária a aquisição de uma licença de uso para o mesmo. O mesmo vale para programas como Photoshop ou Office.

Mito: As distribuições dos computadores populares são ruins

VERDADE. A maioria dos fabricantes de micros populares (veja Computadores populares de lojas – vale a pena?) não está interessada em prestar suporte para o sistema livre e instala uma distribuição com poucos programas ou mal-configurada com a deliberada intenção de fazer seu consumidor migrar para o sistema da Microsoft. Neste caso, ao adquirir um computador popular, é recomendável que você substitua sua distribuição original por outra de melhor qualidade.

Mito: Usar distribuições live-cd diminui a vida útil da unidade ótica

VERDADE. Quando você usa uma distribuição live-cd, um sistema operacional completo é carregado pela memória e isso exige uma intensa atividade de leitura por parte do laser, o que acaba reduzindo a vida útil da unidade de CD, DVD ou Blu-Ray – além de deixar o disco todo riscado. Distribuições live-cd servem para que você possa iniciar o computador em uma emergência ou para que você as teste ocasionalmente. Se você usa uma distro live-cd muito seguidamente, considere instalá-la em seu disco rígido ou em uma máquina virtual. Também é possível colocar a distro em um pendrive.

Mito: Se eu quiser usar Linux, terei que tirar o Windows do meu computador

FALSO. É plenamente possível ter o Windows e o Linux instalados no mesmo computador e, até, no mesmo disco rígido, numa técnica chamada dual boot. Com os dois sistemas instalados, ao ligar o computador você verá um menu o qual lhe permitirá escolher qual deles você deseja utilizar.

Mito: Não é possível escrever em partições NTFS (do Windows XP, Vista e 7) no Linux

FALSO. Até cerca de 2006, o Linux podia escrever apenas nas partições FAT, do MS-DOS e Windows 9x, mas desde então, a partir do desenvolvimento do driver NTFS-3G, o sistema livre também pode escrever em partições das versões XP, Vista e 7.

Mito: Só existem softwares livres para Linux

FALSO. Muitos softwares proprietários, como Skype, VMWare. Adobe Reader, Flash, Matlab e vários jogos estão disponíveis para Linux. É claro que sua utilização implica a aceitação/aquisição de uma licença, mas o Linux possui uma oferta maior de software livre porque nasceu neste ambiente.

Mito: Todas as distribuições de Linux são gratuitas

FALSO. Embora a maioria das distros possa ser baixada sem custo da Internet, existem algumas distros pagas – a maioria voltada para clientes empresariais – como o Red Hat Enterprise Linux ou o Suse Enterprise Linux.

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